terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Confraternização da AEILIJ


Amigo oculto dos irmãos da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil - AEILIJ.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Poesia no Castelo: lançamento do Conta-contos


Dia 02/12 foi dia de lançamento no Poesia no Castelo. O sarau, com roteiro de Ninfa Parreiras, intitulado Conta-gotas de brinquedos, encerrou-se com apresentação e autógrafos do livro Conta-contos, feito em parceria da Cartonera Carioca com a editora Quase Oito. A reação das pessoas que o manuseavam foi incrível e o que mais se ouvia era "Que mimo!" Conta-contos tem costura artesanal e um acabamento que remete às ilustrações do livro. Nas orelhas, um jogo de memória e, no miolo, brinquedos e brincadeiras em doces minicontos. 

Organização de Ninfa Parreiras, ilustrações de Agostinho Ornellas, programação visual de Luciana Peralva, produção e acabamento de Miriam Ribeiro, Patricia Capella e Tatiana Kauss, com a participação especialíssima de Maria Izabel Cetto na costura. 

Os dezesseis autores: Agostinho Ornellas, Andréa Apa, Andrea Taubman, Antonella Catinari, Ismar Barbosa, Juliana Borel, Luciana Peralva, Marcela Fernandez, Martha Gomes, Miriam Ribeiro, Patricia Capella, Pepita Sampaio, Sol Mendonça, Tânia Barroso, Tatiana Kauss e Vera Bastos.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Mapas Literários na Escola Modelar Cambaúba


Hoje, na Escola Modelar Cambaúba, na Ilha do Governador, fomos presenteadas com uma manhã de leituras e afetos. Juliana Borel, Marcela Fernandez, Miriam Ribeiro, Pepita Sampaio e eu, além, é claro, da nossa querida Vera Bastos, que nos fez o convite, falamos um pouco de nós e da nossa antologia Mapas Literários: o Rio em histórias para as turmas do sétimo ano da escola, que fizeram um trabalho lindo acerca dos contos do livro. Os alunos deram um show de criatividade e nos emocionaram com flores, cartas e muita poesia. Obrigada, Verinha, por promover esse encontro maravilhoso com seus alunos (eles são demais!) e sigamos juntas! Viva a literatura! 

sábado, 21 de outubro de 2017

Carta à memória


Caríssima memória,

Escrevo para registrar meu apreço por você. Acredito que já tenha ciência disso, mas não custa frisar. Desde cedo, cresce em mim o medo de, um dia, perdê-la. Deixar de ser quem sou. Pior que morrer é viver sem lembrar.

Encontrei, noutro dia, entre guardados inúteis de fundo de gaveta, aquela cassete Basf, que uma vez me trouxe lembranças de um tempo que não vivi.

Era um encontro de família. Meu pai ao piano. Sua voz se misturava às de minhas tias, tios e... à minha. Uma cena usual, não fosse a plena certeza que eu tinha de jamais ter cantado aquela canção na vida. Marchinha de carnaval, falava de boias-frias bebendo para esquecer, seus sonhos de bife a cavalo com batata frita e, de sobremesa, goiabada cascão. Com muito queijo. Como eu podia ter apagado tudo aquilo?

A música era O Rancho da Goiabada, do João Bosco e do Aldir Blanc, que logo se emendou em João e Maria, do Chico. Minha voz cantava sem mim. Seria possível? Foi quando, na gravação, ouvi um choro de bebê, seguido da voz de meu pai: – Espera um pouquinho, Luciana. – Vrrrvvrrdfgtgghhhhhvrrr. Rebobinei a fita. – Espera um pouquinho, Luciana. – Ouvi tudo de novo. E de novo. Chorei e ri muito, agarrando-me a você e agradecendo por permanecer comigo. A voz que pensei ser a minha era de minha mãe, com a minha idade atual. Um susto. Peça pregada por uma lembrança alheia.

Devia haver maneira de costurá-la nas ideias. Leonard, no filme Amnésia, de Christopher Nolan, tatuava o próprio corpo com pistas sobre si mesmo. Gosto da estratégia. A tatuagem gruda na gente e não sai mais. Fiz minha primeira tatuagem com quase 40 anos.

Funes, o memorioso, de Borges, à primeira vista me pareceu o retrato da perfeição. Até o mesmo conto desconstruir essa impressão, provando por A+B as limitações de ser uma enciclopédia ambulante.

Uma pessoa enlouquece por total esquecimento ou por não saber articular memórias demais. Fico com a segunda opção, caso possa escolher. Simpatizo com o ditado “o que abunda não atrapalha” e me desce um tanto quadrado o tal “antes só do que mal acompanhada”.

Aquela cassete Basf não toca mais. O toca-fita tornou-se artigo raro. Assim como ouvir meu pai ao piano. Nem tudo se resolve com tatuagem. Até quando guardarei comigo a gargalhada contagiante do meu irmão caçula? E o cheiro de aconchego da minha avó?

Estou me estendendo demais. Queria apenas dizer que te amo e que não sei viver sem você. Às vezes te sinto distante, volátil, fulgaz. Isso me paralisa. Não me deixe só.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Ainda sobre o 19º Salão FNLIJ


O Notícias 08 da FNLIJ faz um belo levantamento dos acontecimentos no 19º Salão FNLIJ. Leitura recomendadíssima!

Segue abaixo um recorte sobre a entrega do prêmio do Concurso FNLIJ Era uma vez... uma proposta de leitura compartilhada: 

Elizabeth Serra apresentou a premiação do Concurso FNLIJ Era uma vez... uma proposta de leitura compartilhada do DILI – Dia Internacional do Livro Infantil IBBY de 2016, quando a FNLIJ foi a patrocinadora da mensagem. As vencedoras Jenny Iglesias Polydoro Fernandez da categoria relato real e Luciana Monteiro Peralva, da categoria relato ficcional, ambas do Rio de Janeiro, estiveram presentes para receberem seus certificados com presença de seus familiares. Em suas falas, contaram seus comprometimentos com a causa da literatura e sobre os textos apresentados. A emoção das ganhadoras, expressando a importância da premiação, é o maior e melhor retorno para a FNLIJ continuar com os reconhecimentos daqueles que fazem no seu dia-a-dia a diferença para o futuro de crianças. Os textos vencedores foram publicados no Notícias 12 de 2016, disponível em PDF no site www.fnlij.org.br.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017


Sábado, dia 26 de agosto, 10h30, tem o sarau Poesia no Castelo (CEAT).
Poemas de Mário de Andrade. Roteiro que escrevi em parceria com Beto Silva e Ninfa Parreiras. Teremos participação especial do ilustrador Ivan Zigg que vai autografar seus livros!
#saraudepoesia
#poesianocastelo
#ceat2017

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Rosa?


Improviso com a palavra "rosa". Deixei num caderninho na exposição Poesia Agora na Caixa Cultural. Está um barato e vai só até 05/08! #poesiaagora

domingo, 25 de junho de 2017

Lançamento de "Histórias no Prato"!


II antologia de contos de escritores e ilustradores da AEILIJ: A segunda antologia da AEILIJ traz contos saborosos, acompanhados das receitas que marcaram as vidas dos autores. Separe a louça de festa e tenha guardanapos à mão. A boca vai aguar. Organização: Cristina Villaça Diagramação e projeto gráfico: Varal Editorial (Patrícia Melo e Fabio Maciel) Revisão: Flávia Côrtes Capa: Marilia Pirillo Editor: Alexandre de Castro Gomes

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Premiação na cerimônia de abertura do 19º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens


Gratidão. Pelas coincidências da vida. Vencer o Concurso FNLIJ Era uma vez... Uma proposta de leitura compartilhada significa tanto! Primeiro porque começar a carreira com um prêmio da FNLIJ é um baita estímulo! Mas a mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil 2016... Nossa! Coincidências. Criada pela Luciana Sandroni, a quem tanto admiro e sou fã declarada. 

Escrevi Natureza de coelho durante minhas férias do ano passado. Relaxada e com tempo pra fazer nada junto do meu filho e do meu marido, degustei Ludi e os fantasmas da Biblioteca Nacional. Até então, não tinha lido a mensagem da minha xará para o Dia Internacional do Livro Infantil. Já havia me encantado com a ilustração do Ziraldo, paixão desde a minha infância. O Pai oferecendo o livro ao filho. Presente do criador à criatura. Eu estava ciente do concurso e tinha a ilustra na cabeça. 

Depois que me diverti lendo a aventura da Ludi na BN, entrei num transe gostoso e comecei a escrever. Das ideias, brotaram coelhos. O da Alice e o da Clarice. O mistério do coelho pensante foi meu norte. Ah, Clarice Lispector! Gratidão mais uma vez. Coloquei um ponto final no meu relato ficcional ainda nas férias. Estava contente, mas não satisfeita. Faltava algo pra amarrar. 

Quando voltei pra casa, fui correndo ler o regulamento do concurso da FNLIJ. Faltava pouco tempo para terminar o prazo das inscrições. A princípio, pensei: já era! Eu tinha que ter lido a mensagem da Luciana Sandroni antes de escrever o texto! Agora não dá mais. Já era. Não vou participar, pensei. E então li a mensagem. Era uma vez... Era uma vez as pontas soltas do meu relato! Tudo se encaixou! Foi emocionante. Coincidências. Ainda morro disso! 

Obrigada, FNLIJ, Luciana, Clarice e Ziraldo, por essa experiência incrível!
Obrigada, minha família literária querida, meus amigos-irmãos de escrita e caminhada.
Obrigada, Estação das Letras, por ser o nosso ninho.
Obrigada, Ninfa Parreiras, mestra-amiga, por alimentar e materializar nossos sonhos.
Obrigada, Luiz, meu amor e companheiro de vida toda, pela paciência e parceria.
E, claro, obrigada Guilherme, meu filho, leitor e contador de histórias, orgulho e inspiração. 


Obrigada a todos.

Leia Natureza de Coelho na página 4 do Jornal Notícias Dezembro de 2016 da FNLIJ! :D

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Crônica de um resgate


“A escrita salva”, anotou a poeta no canto da página do livro. Falava Marguerite Duras sobre a solidão dos que escrevem e encontram, no próprio vício, a redenção. Do fundo do buraco, avistam a mão estendida. A mesma que espanca, afaga, cutuca e faz cócegas. Carma. Grata maldição, a escrita. Caminho sinuoso, de grandes obstáculos, sem atalhos e sem volta.
Desde criança escrevi. Amante das aulas de Português e Redação, escrevia para a escola e para ninguém. Fiz uma vez um diário na agenda – aquelas que ficavam difíceis de fechar no final do ano de tantas fotos, ingressos, papéis de bala e bombom anexados às páginas – mas nunca tive disciplina suficiente para manter uma regularidade. Escrevia em especial nos momentos de angústia. Encontrei a tal agenda entre meus guardados noutro dia: 1992, para mim, o ano das primeiras paqueras, dos primeiros namorados e dos piores professores (até então). A agenda, portanto, foi um necessário improviso.
Nos anos seguintes, corri atrás da minha formação e do meu enquadramento nos moldes da nossa sociedade. Pouco escrevi além dos textos para a escola e os concursos para escolas técnicas. Sim, também curtia cálculos. Formei-me em Eletrônica (mas não me peça para consertar sua televisão porque não me lembro de mais nada). Talvez, por essa afinidade, eu tenha escolhido o Design como carreira. Aos meus olhos, a mistura de arte com números parecia interessante. Ou então, essa é a forma como eu gosto de pensar, já que quando eu disse que queria fazer Belas Artes, minha mãe foi contra, alegando que eu passaria fome.
Acontece que, nas raras ocasiões em que escrevi nesse tempo, meus textos ganhavam boas notas. Um deles chegou a ser lido em voz alta para turma pelo professor. Quase me enfiei debaixo da mesa com a timidez que me esquentava o rosto. Ah! Essa fraqueza que me furta as palavras no tête-à-tête, mas me dá uma força imensa para escrever. Para guardar ou jogar no ventilador.
Durante a faculdade houve um episódio em que fui humilhada diante da turma por um professor que se incomodou com um trabalho que eu pretendia fazer sobre as artistas plásticas no Brasil do século XX. Só mulheres. Impiedoso, ele discursou por quase meia hora sobre a fragilidade do meu recorte e me fez chorar. No entanto, na aula seguinte, fui munida de um belo texto de defesa do meu tema. Recebi palmas e um pedido de desculpas.
Escrever, sobretudo para os tímidos, é essencial. É a via por onde conseguimos deixar o pensamento fluir, organizando as ideias. Dói, devasta, mas cura também. Voltei a escrever mais regularmente depois que me estabilizei financeiramente e pude prestar atenção em mim. Estava enquadrada: casada e empregada. Era chegada a hora de me resgatar. Quem era eu? Aquela ou outra esquecida lá em 1992? Não sabia mais. Na minha busca por mim mesma, encontrei o vazio.
“A escrita salva”, anotou a poeta no canto da página do livro. A poeta que iniciou o processo do meu resgate. Imersa na escrita, orientada por ela, notei que não suportaria tanto desvendar sem um acompanhamento psicológico. Tentei diversas terapias, mas sentia falta de ar na superfície. Foi então que apareceu minha segunda salvadora: Clarice Lispector. Foram suas palavras, num de seus livros de contos, que me fizeram enxergar que eu precisava de um mergulho. Bem fundo. Descobri a Psicanálise, baita aliada para um escritor. Paixão à primeira vista, mergulhei. Salve Clarice. Salve Ninfa Parreiras, a poeta a quem, por duas vezes, refiro-me neste texto, e que, por coincidência ou não, também é psicanalista.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Performance de ilustração na FLIST


Divertidíssimo!!! Se tivesse tempo, certamente eu teria desenhado muuuito mais com essa galerinha super interessada. Adorei.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Suada finesse



Padecia de sudorese severa. Uma disfunção que fazia Percevânia penar, desde seus primeiros anos na escola, com a zombaria dos colegas e os apelidos que colecionava. Seu sobrenome, Quevejo, ajudou na criação de um deles em especial. Aquele que carregou até se tornar adulta e lhe deu a inspiração de que precisava para sua grande reviravolta: Percevejo. Viveu anos de úmida agonia sem se dar conta de que nela dormia seu trunfo.

De tanto ser comparada a um inseto que conhecia apenas pelo que diziam os leigos, a moça iniciou um estudo aprofundado sobre um xará seu: o Nezara Viridula ou, para os íntimos, Maria-fedida. A cada descoberta, identificava-se um pouco mais. Lia teses extensas sobre o inseto com tamanho gozo que mais parecia estar num transe de autoconhecimento. Incorporou aos poucos alguns comportamentos do bicho e passou a criá-lo para entendê-lo melhor. Observou, alimentou, amou, dissecou as criaturas. Percebeu o poder da substância que expeliam. Aprendeu a manipulá-la. Apaixonou-se e fez da depuração daquele cheiro sua razão de viver.

Numa reflexão sobre odores e fedores, recorreu à analogia para concluir que, em vez de asco, o cheiro de percevejos poderia causar atração. Não há quem diga que cecê excita? Entre fragrância e futum, um fio tênue. Em seu divagar, Percevejo suava. Muito. Essência, perfume. Sentia a epifania à espreita.

Por sua afinidade com experimentos, formou-se em Química. Trabalhava no laboratório durante o horário de expediente e em casa, à noite, com seus exóticos bichinhos de estimação. Em pouco tempo, estava no topo de uma grife importante. Passou a frequentar ambientes de luxo e consumir produtos finos.

– Aceita um café, madame?

Naquela bebida estava a resposta. Quando soube que o grão do café que estava prestes a degustar, um dos mais caros do mundo, era colhido das fezes de elefantes, tudo clareou. Que delícia: amargor atenuado, aroma floral, sabor com notas de chocolate ao leite, nozes e frutas vermelhas. Eureka! Que mal haveria em borrifar umas gotas de essência de percevejo no cangote se já ingerimos algo que saiu do fiofó do elefante?

Do encontro com a bebida reveladora até o dia seguinte na empresa, Percevejo nada fez além de redigir o projeto da sua vida. Sua essência. Apresentou a todos que estavam dispostos a ouvir. Recebeu ofertas, aplausos.

Hoje a Perce V. é a grife líder mundial em perfumaria por suas fragrâncias inovadoras. Sua falecida fundadora não concedia entrevistas e muito se especulou sobre ela. Após a morte, em sua casa, completamente tomada de percevejos, foram encontrados arquivos valiosíssimos que mostram, em curiosos detalhes, o processo de depuração do perfume mais caro do planeta.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Caça às personagens


Voava baixo e em silêncio o vulto na noite de Santa Salém. Esgueirando-se pelas ruelas empoçadas, agarrada a um embrulho, Eulália dirigia-se determinada à casa dos Boaventura. Gente de posses, dada à caridade. Não se negariam a abraçar e assumir o que para ela, naquele momento, não passava de um estorvo. Teria então a chance de parar de viver no erro e redimir-se. Deitou, com cuidado, o pacote no capacho da família abastada, olhando-o nos olhos. Scriptum est, disse o bebê. Hein? Eulália quase arremessou a criança ao ouvir aquelas palavras que, pronunciadas por um recém-nascido, pareciam coisa do demo. Tinham mesmo sido ditas? Seus olhos pregaram-lhe uma peça? Os ouvidos? Resolveu desaparecer antes que o delírio voltasse a atormentá-la. Véu na cabeça, terço na mão, estrada no pé. Partiu sem titubear, farta de fantasias.

De dia era Maria, de noite, João. Num dia era polícia, no outro, ladrão. Como Amélia nunca descobriu sua identidade, concluiu que podia ser qualquer um. Ativista, pacifista, vigarista, artista. Ajudava na igreja, fazia bico no cabaré. Acreditava em cada papel com a mesma certeza. Clandestina de nascença, exercia todos os ofícios. Especialista em generalidades e invencionices. Esse jeito múltiplo-transitório de se encarar era o único que conhecia e incomodava muita gente. Costumava ser alvo de piadas e vaias dia após dia. Seus vizinhos só lhe concediam uma trégua no carnaval, quando pareciam se comportar como ela. Encarnavam personagens, fantasiavam-se, davam férias aos preconceitos. Nesses dias, porém, Amélia preferia a reclusão.

Depois da morte do último Boaventura legítimo, que se afogou nas dívidas, Santa Salém perdeu o que lhe restava do respeito por Amélia. Com abordagens cada vez mais hostis, os vizinhos tentaram de tudo para tirá-la de circulação. A moça passou a ser considerada altamente prejudicial aos bons costumes da cidade e se tornou questão de ordem pública. Policiais armados cercaram sua casa. Trouxeram uma representante da igreja para tentar convertê-la. Missão para Madre Eulália, da paróquia de Santo Paoco, que veio voando em seu hábito negro e invadiu a casa com violência.

Não se sabe o que houve lá dentro, mas em três dias um misterioso incêndio lambeu toda a construção. Quase fundidos num abraço, os corpos foram encontrados: a bruxa e a freira. Sentenciadas à mesma fogueira. Scriptum est.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Começando o ano com Gullar


Em nosso primeiro sarau do ano, homenageamos o saudoso poeta Ferreira Gullar. Miriam Ribeiro, Pepita Sampaio, Rachel Facó e eu adaptamos nosso roteiro já apresentado na FLIST de 2015. Uma linda manhã, com a presença da Anna Claudia Ramos, a quem eu tanto queria conhecer pessoalmente. Viva Poesia no Parque! Feliz 2017!