domingo, 25 de junho de 2017

Lançamento de "Histórias no Prato"!


II antologia de contos de escritores e ilustradores da AEILIJ: A segunda antologia da AEILIJ traz contos saborosos, acompanhados das receitas que marcaram as vidas dos autores. Separe a louça de festa e tenha guardanapos à mão. A boca vai aguar. Organização: Cristina Villaça Diagramação e projeto gráfico: Varal Editorial (Patrícia Melo e Fabio Maciel) Revisão: Flávia Côrtes Capa: Marilia Pirillo Editor: Alexandre de Castro Gomes

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Premiação na cerimônia de abertura do 19º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens


Gratidão. Pelas coincidências da vida. Vencer o Concurso FNLIJ Era uma vez... Uma proposta de leitura compartilhada significa tanto! Primeiro porque começar a carreira com um prêmio da FNLIJ é um baita estímulo! Mas a mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil 2016... Nossa! Coincidências. Criada pela Luciana Sandroni, a quem tanto admiro e sou fã declarada. 

Escrevi Natureza de coelho durante minhas férias do ano passado. Relaxada e com tempo pra fazer nada junto do meu filho e do meu marido, degustei Ludi e os fantasmas da Biblioteca Nacional. Até então, não tinha lido a mensagem da minha xará para o Dia Internacional do Livro Infantil. Já havia me encantado com a ilustração do Ziraldo, paixão desde a minha infância. O Pai oferecendo o livro ao filho. Presente do criador à criatura. Eu estava ciente do concurso e tinha a ilustra na cabeça. 

Depois que me diverti lendo a aventura da Ludi na BN, entrei num transe gostoso e comecei a escrever. Das ideias, brotaram coelhos. O da Alice e o da Clarice. O mistério do coelho pensante foi meu norte. Ah, Clarice Lispector! Gratidão mais uma vez. Coloquei um ponto final no meu relato ficcional ainda nas férias. Estava contente, mas não satisfeita. Faltava algo pra amarrar. 

Quando voltei pra casa, fui correndo ler o regulamento do concurso da FNLIJ. Faltava pouco tempo para terminar o prazo das inscrições. A princípio, pensei: já era! Eu tinha que ter lido a mensagem da Luciana Sandroni antes de escrever o texto! Agora não dá mais. Já era. Não vou participar, pensei. E então li a mensagem. Era uma vez... Era uma vez as pontas soltas do meu relato! Tudo se encaixou! Foi emocionante. Coincidências. Ainda morro disso! 

Obrigada, FNLIJ, Luciana, Clarice e Ziraldo, por essa experiência incrível!
Obrigada, minha família literária querida, meus amigos-irmãos de escrita e caminhada.
Obrigada, Estação das Letras, por ser o nosso ninho.
Obrigada, Ninfa Parreiras, mestra-amiga, por alimentar e materializar nossos sonhos.
Obrigada, Luiz, meu amor e companheiro de vida toda, pela paciência e parceria.
E, claro, obrigada Guilherme, meu filho, leitor e contador de histórias, orgulho e inspiração. 


Obrigada a todos.

Leia Natureza de Coelho na página 4 do Jornal Notícias Dezembro de 2016 da FNLIJ! :D

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Crônica de um resgate


“A escrita salva”, anotou a poeta no canto da página do livro. Falava Marguerite Duras sobre a solidão dos que escrevem e encontram, no próprio vício, a redenção. Do fundo do buraco, avistam a mão estendida. A mesma que espanca, afaga, cutuca e faz cócegas. Carma. Grata maldição, a escrita. Caminho sinuoso, de grandes obstáculos, sem atalhos e sem volta.
Desde criança escrevi. Amante das aulas de Português e Redação, escrevia para a escola e para ninguém. Fiz uma vez um diário na agenda – aquelas que ficavam difíceis de fechar no final do ano de tantas fotos, ingressos, papéis de bala e bombom anexados às páginas – mas nunca tive disciplina suficiente para manter uma regularidade. Escrevia em especial nos momentos de angústia. Encontrei a tal agenda entre meus guardados noutro dia: 1992, para mim, o ano das primeiras paqueras, dos primeiros namorados e dos piores professores (até então). A agenda, portanto, foi um necessário improviso.
Nos anos seguintes, corri atrás da minha formação e do meu enquadramento nos moldes da nossa sociedade. Pouco escrevi além dos textos para a escola e os concursos para escolas técnicas. Sim, também curtia cálculos. Formei-me em Eletrônica (mas não me peça para consertar sua televisão porque não me lembro de mais nada). Talvez, por essa afinidade, eu tenha escolhido o Design como carreira. Aos meus olhos, a mistura de arte com números parecia interessante. Ou então, essa é a forma como eu gosto de pensar, já que quando eu disse que queria fazer Belas Artes, minha mãe foi contra, alegando que eu passaria fome.
Acontece que, nas raras ocasiões em que escrevi nesse tempo, meus textos ganhavam boas notas. Um deles chegou a ser lido em voz alta para turma pelo professor. Quase me enfiei debaixo da mesa com a timidez que me esquentava o rosto. Ah! Essa fraqueza que me furta as palavras no tête-à-tête, mas me dá uma força imensa para escrever. Para guardar ou jogar no ventilador.
Durante a faculdade houve um episódio em que fui humilhada diante da turma por um professor que se incomodou com um trabalho que eu pretendia fazer sobre as artistas plásticas no Brasil do século XX. Só mulheres. Impiedoso, ele discursou por quase meia hora sobre a fragilidade do meu recorte e me fez chorar. No entanto, na aula seguinte, fui munida de um belo texto de defesa do meu tema. Recebi palmas e um pedido de desculpas.
Escrever, sobretudo para os tímidos, é essencial. É a via por onde conseguimos deixar o pensamento fluir, organizando as ideias. Dói, devasta, mas cura também. Voltei a escrever mais regularmente depois que me estabilizei financeiramente e pude prestar atenção em mim. Estava enquadrada: casada e empregada. Era chegada a hora de me resgatar. Quem era eu? Aquela ou outra esquecida lá em 1992? Não sabia mais. Na minha busca por mim mesma, encontrei o vazio.
“A escrita salva”, anotou a poeta no canto da página do livro. A poeta que iniciou o processo do meu resgate. Imersa na escrita, orientada por ela, notei que não suportaria tanto desvendar sem um acompanhamento psicológico. Tentei diversas terapias, mas sentia falta de ar na superfície. Foi então que apareceu minha segunda salvadora: Clarice Lispector. Foram suas palavras, num de seus livros de contos, que me fizeram enxergar que eu precisava de um mergulho. Bem fundo. Descobri a Psicanálise, baita aliada para um escritor. Paixão à primeira vista, mergulhei. Salve Clarice. Salve Ninfa Parreiras, a poeta a quem, por duas vezes, refiro-me neste texto, e que, por coincidência ou não, também é psicanalista.