Era uma vez uma menininha liiiinda de olhos amendoados e cara de sapeca chamada Tamires. Quando a conheci, foi paixão à primeira vista. Bricamos muito juntas. De desenhar, de fazer boneco de massinha... Ai... quanta saudade. Ela aprontava muito também. Sempre foi uma artista e tudo para ela servia de tela: parede, mesa, poltona... :D Hoje essa minha sobrinha já tem 20 aninhos e continua exercitando seu lado artístico. É isso aí, Tatá! Vamos fazer arte!
Ajoelhado diante da guitarra moribunda, João, ateu de carteirinha, pede a Deus que ajude a sua companheira. Ele sabe que exagerou. Sabe que guitarra não é feita pra golpear o chão e as coisas. Será que ela sobrevive?
A guitarra chora suavemente: "Eu não sei porque... ninguém te contou... ninguém te alertou...". Mas não adianta. João não fez por querer. É um destruidor nato. Tem a cabeça tão complexa quanto o Rock. Por mais que ele tente, e tente, e tente, e tente... Não consegue nenhuma satisfação!
A mãe observa a cena. Bate o pé e balança a cabeça em sinal de desaprovação. Agora, Júnior, comporte-se!
(Estudo em pontilhismo com esferográfica e colagem)
Tinha casa,
barco e só.
Saia pra
pescar,
Conversava
com o barco,
Seu
companheiro,
Como as
árvores. Estava
satisfeito.
Acordava,
Cheiro de terra.
Dormia,
Som do silêncio. Um dia, um
reflexo.
Não, não.
Outro barco!
Recuou, alerta.
O moço disse
olá.
Ele não respondeu.
Desejou que
fosse embora.
O moço foi,
Mas levou
sua paz com ele. O pescador,
angustiado,
Sentou de
frente pro rio.
Olhou o
barco.
Respirou
fundo.
OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ! ... LÁ! ...
LÁ! ... LÁ! ...
OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ! ... LÁ! ...
LÁ! ... LÁ! ...
OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ! ... LÁ! ...
LÁ!... LÁ!...
Silêncio. Entrou no
barco.
Remou decidido.
Sumiu no
horizonte,
Em busca do
desconhecido.
Estudo de personagem, pra mim, é um rico exercício. Testo paciência, persistência, criatividade e, sobretudo, desapego. Não é porque A-MEI o primeiro resultado, que os próximos não podem ser muito, muito mais legais! :D