quarta-feira, 18 de julho de 2012

O dono da paisagem


Morava no azul.
Tinha casa, barco e só.
Saia pra pescar,
Conversava com o barco,
Seu companheiro,
Como as árvores.

Estava satisfeito.
Acordava,
Cheiro de terra.
Dormia,
Som do silêncio.

Um dia, um reflexo.
Não, não.
Outro barco!
Recuou, alerta.
O moço disse olá.
Ele não respondeu.
Desejou que fosse embora.
O moço foi,
Mas levou sua paz com ele.

O pescador, angustiado,
Sentou de frente pro rio.
Olhou o barco.
Respirou fundo.
OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
... LÁ! ... LÁ! ... LÁ! ...
OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
... LÁ! ... LÁ! ... LÁ! ...
OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
... LÁ! ... LÁ!... LÁ!...
Silêncio.

Entrou no barco.
Remou decidido.
Sumiu no horizonte,
Em busca do desconhecido.

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