O Pai encarnou o Capeta
Um aperreio, uma aflição
Duas olheiras violeta
Quando notamos sua intenção
A coisa já estava preta.
A Baleia corria perigo
Mas como podia ser?
Era pessoa da família
Por que havia de morrer?
Já nos dera tanta alegria
Tinha direito de adoecer!
Pra camarinha fomos rebocados
Pela Mãe, de coração pesado
Queria nos poupar do sofrimento
De assistir a crueza ali do lado
Ela aceitara a decisão do Pai
Mas partilhava nosso grito chorado:
Vão bulir com a Baleia?
Ora, faça isso não!
Coitadinha da Baleia!
Um 'cadim' de compaixão!
Pobre da cachorra Baleia!
Sacrifício não é solução!
Apesar de nossos protestos
O Pai atirou nos quartos da bicha
Que fugiu lá pros juazeiros
Se arrastando feito lagartixa
Não satisfeito, ele 'inda foi atrás
Pra acabar de vez com a rixa.
Nunca mais vimos Baleia
Nem falamos sobre ela
Pois o Pai, depois daquilo
Virou poço de querelas
É, de nós, quem mais padece
Com saudade da cadela.
3 comentários:
Viva Graça! E viva Gui, que aprendeu a escrever poema de cordel rapidinho! Ê, menino
inteligente!
Lindo Lu! Como tudo que vc faz!
Lu, lindo!! Li o conto do Graciliano e vc trouxe o ponto de vista das crianças. Não foi o pai, nem a mãe, nem a Baleia que fizeram o cordel, foi a menina e o menino que vc carrega. Lindo, lindo!
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