quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Memórias

Minha história de leitura, pelo que me lembro, começa com os livros e gibis por assinatura. Graças a meus pais, virei fã das coleções e, sobretudo, das turmas. A do Marcelo, Marmelo, Martelo (Ruth Rocha),...

...a do Menino Maluquinho (Ziraldo), ...

...a da Laurinha (Jane Carruth)...

e a dos personagens de Walt Disney, todas do Círculo do Livro, ... 

...a da Mônica (Mauricio de Sousa), ...

a da Luluzinha (Marjorie Henderson Buell), ... 

 ...a do Lambe-lambe (Daniel Azulay)...

Não é à toa que faço parte de diversas turmas – algumas bem antigas – e adoro cada uma delas. A da infância/adolescência, a do CEFET, a da faculdade, as do trabalho, a da literatura. Meu irmão costumava dizer que eu gosto mais dos amigos do que da família. Ciúme de irmão, claro. Mas é verdade que, apesar de muito tímida, quando monto uma patota eu me agarro nela e não largo mais!

Na infância eu lia, mas também ouvia muitas histórias. Tínhamos alguns discos coloridos de vinil, da “Coleção Disquinho”, com diversas narrativas musicadas, na maior parte compostas e adaptadas pelo João de Barro, o Braguinha, que quase furaram de tanto tocar na vitrola. Dessas, as que mais me lembro são “A festa no céu” e a “História da Baratinha”. Eu ficava arrasada com o triste fim dos personagens, mas não parava de repetir. 


Tinha uma que eu só ouvia através do meu pai, que contava tocando piano: “Zé Carrancudo”. Ele fazia as entonações, tocava as músicas na hora certinha, criava o clima todo. Nunca cansei de ouvir. Até hoje peço para ele contar/tocar, com a desculpa de que é para o Gui ouvir. Mas é a filhota aqui quem mais vibra. Essa narrativa, ao contrário das duas citadas da “Coleção Disquinho”, tem final feliz, apesar de ser tensa até o desfecho. Tentei encontrá-la em áudio por muito tempo, mas só achei em 2020, no Youtube. Ao ouvi-la no original, pela primeira vez, aos 41 anos, eu me emocionei. Meu pai contando é muito melhor.

As histórias lidas e ouvidas na infância me fizeram ser amante da música e sonhar em ser ilustradora. Toco piano, mas a timidez não me permite fazer o que meu pai faz. Para contadora de histórias, infelizmente não sirvo. Meu objetivo, quando menina, era um dia trabalhar com o Mauricio de Sousa ou nos Estúdios Disney. Cheguei perto! Escolhi estudar Design na ESDI e meu primeiro estágio profissional foi no estúdio de cinema de animação Animagem, com o grande Rui de Oliveira! Uma experiência incrível que guardo no coração. 




Hoje escrevo, ilustro e diagramo. Produzo meus livros do início ao fim. Não tem como dizer que não fui influenciada pelos livros da infância. Eu me identificava tanto com as personagens quanto com aqueles que as criavam. Queria saber quem eram, sua biografia... Colecionava narrativas.

Na adolescência apareceu a Coleção Vagalume. As tramas me pegavam de um jeito que eu não esperava. Foi quando a narrativa passou a ter mais força que a parte visual dos livros para mim. 


Depois, pelo clube de assinatura Círculo do Livro, conheci Sidney Sheldon, que me fez esquecer completamente das ilustrações durante a leitura. Naqueles livros de suspense, cujas personagens principais eram mulheres fortes e cheias de sensualidade, descobri que uma menina pode ser a heroína da sua própria história. Havia diversos trechos um tanto pesados para uma adolescente, mas, por isso mesmo, devorei com avidez. Tudo. Toda a obra dele.


Ainda hoje fico tentando ler até "esgotar” as obras dos autores com os quais me identifico. Não por capricho, mas por necessidade. Assim eu os conheço melhor, mergulho no universo de cada um e me pego imersa no meu também.

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