quarta-feira, 16 de setembro de 2020

De carta em carta



“- Bom dia, seu Miguel. Quanto custa escrever uma carta?
(...)
- Para menino da sua idade eu não cobro nada. Mas tem uma coisa: você tem que ir à escola um dia e vir me contar como é, porque eu tenho muita vontade de saber... Esse vai ser o seu pagamento.
(...)
- Então escreva aí: VOCÊ ESTÁ TÃO CHATO...
(...)
- Só isso?
- Não, tem mais. Agora escreva: VÁ PARA O INFERNO!
(...)
O homem fez o que o menino estava mandando e entregou o bilhete a ele, achando que era para algum amiguinho. (...)“

Quem ouve o Gui brincando com meu pai, acha que são dois amigos da mesma idade. Eles fazem bagunça, muito barulho e brigam um bocado também. Como crianças. Ficam de bico um para o outro, mas pouco tempo depois parece que nada aconteceu. É muito amor.

“De carta em carta” (Ed. Salamandra), da Ana Maria Machado, ilustrado pelo Nelson Cruz, fala da relação entre Pepe (o neto) e José (o avô) de um jeito sensível, engraçado e em alguns momentos até tenso. Ler esse livro para um neto apaixonado pelo avô é sucesso certo.

Pepe é um menino que não gosta de ir para a escola e não sabe ler nem escrever. Por isso, dita para um escrevedor uma carta desaforada para entregar a seu avô analfabeto, que pede ao mesmo homem para ler a carta do neto. Mas, com a brilhante ajuda desse anjo escrevedor, as coisas entre neto e avô se acertam e Pepe ainda percebe a importância de saber ler e escrever na vida. Acaba se inspirando para escolher sua profissão e ajudar pessoas como seu José. É uma bela história.

Atualmente o Gui também pede todos os dias para matar aula. “Detesto as aulas virtuais, mamãe! Eu gosto das aulas de vida real!” Apesar disso, ele já é capaz de ler e escrever. E se fosse fazer uma cartinha para o vovô, seria de palavras doces e corações.

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