domingo, 28 de junho de 2020

Siga a seta!


"Um dia, um rapaz que vivia na Cidade das Setas começou a ter um pensamento esquisito. Um pensamento que não vinha indicado em nenhuma seta. O pensamento do rapaz segredava-lhe assim lá por dentro: o que haverá no espaço entre as setas?

Primeiro, o rapaz tentou pensar noutra coisa... distrair-se. Mas não era fácil distrair-se numa cidade como a sua, com setas nas paredes, no chão, no teto, em cada lugar onde punha a mão ou o pé.
Então, uma tarde, quando voltava para casa, o rapaz aventurou-se."

Ontem foi dia de Clube Quindim. Gui chegou no quarto dele de manhã e se deparou com seu nome num embrulho sobre a cama. Que alegria!

Esse foi nosso primeiro mês de assinatura. Demorou pra chegar por conta da situação atual, mas a surpresa valeu a pena. Meu filhote adorou "receber uma encomenda".

Os livros vêm acompanhados de um mapa de leitura (uma espécie de orientação aos adultos mediadores da leitura) e um diário do leitor ("esse foi o que eu mais amei, mamãe!"). Nesse último a criança coloca seu nome, faz um autorretrato e vai registrando suas impressões das leituras a cada mês. Uma graça.

Lemos os dois livros ontem à noite, mas vou falar aqui daquele que nós mais gostamos. "Siga a seta!", de Isabel Minhós Martins, ilustrado por Andrés Sandoval, publicado pela Companhia das Letrinhas.

Assim que pegamos pra ler, o Gui estranhou. "Nossa, quanta seta! Que confusão! Parece um labirinto." A ideia do livro parece ser mostrar ao leitor que, de vez em quando, vale a pena questionar nossas rotinas, os rumos que tomamos de forma automática, a fim de viver novas experiências, descobrir.

Mas o comentário do meu pequeno me fez refletir noutra direção. Aquele monte de informação que compõe as imagens labirínticas do livro, com verbos no imperativo, a mim parecem as incontáveis propagandas às quais somos expostos constantemente, em todos os lugares.

Lembram-me também a confusão de pensamentos numa cabeça ansiosa (acho que se minhas ideias fossem fotografadas, o resultado seria bem próximo das ilustrações desse livro). Viajei? Sei não. Acho que só peguei o caminho entre as setas.

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