Amigos imaginários podem aparecer de várias maneiras. Agora na quarentena, então, a situação está para eles.
O último vídeo do ano do canal Leituras Peraltas já está no ar e o tema é esse aí: amigos imaginários. Marilia Pirillo e André Neves são os autores dos livros que inspiraram a peraltice dessa vez.segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Leituras Peraltas: O sonho é vencer os medos
Dormir é tão gostoso... Por que será que as crianças lutam tanto contra o sono?
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
Leituras Peraltas: Festejando com as lendas
Olá, pessoal! Hoje tem novo vídeo no canal Leituras Peraltas. É o segundo sobre folclore. Falo de um livro que Gui adora (escrito pelo trio Andrea Viviana Taubman, Marcelo Pellegrino e Thiago Taubman Costa), que foi a cereja do bolo de seis anos dele. Isso mesmo! Acessem: https://youtu.be/a_m21hdrhyI. Espero vocês lá!
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
Marcelo, Marmelo, Martelo
Noutro dia Gui e eu lemos o “Marcelo, Marmelo, Martelo e outras histórias” (Ed. Salamandra), da Ruth Rocha, ilustrado pelo Adalberto Cornavaca. Ele estranhou um pouco. “Mamãe, o desenho não era esse!”
A impressão dele foi a minha quando lemos a edição nova, que também temos, há algum tempo. Mesma editora, mas ilustrado pela Mariana Massarani. A ilustração não era aquela.Acontece que esse livro me tocou demais quando eu tinha a idade do Gui. Meu irmão e eu éramos fãs do Marcelo, da Gabriela e do Caloca, protagonistas dos três contos do livro, com ilustrações só em laranja e preto. E quando isso acontece, é como ouvir uma versão de uma música que você ama. Não dá pra adaptar. Você quer o mais próximo possível da versão original. É lembrança com alta carga afetiva. Não há concorrência possível.
Mariana Massarani, sabiamente, fez ilustras totalmente diferentes na nova edição. Para novos leitores, ilustras que nada lembram o que era a edição anterior. Caso contrário, seria apenas o arremedo de algo insubstituível, que mexe com o imaginário de milhares de pessoas hoje. Ponto pra ela!
“Marcelo, Marmelo, Martelo e outras histórias” era dos meus preferidos quando criança, acredito que do meu irmão caçula também. No início da faculdade de design, ousei fazer como projeto a programação visual de uma agenda, baseada nas ilustras desse livro. Está no meu portfólio.
A grandeza de um artista reside também na noção de seus limites. Eu (na maior parte das vezes) posso comprar a edição antiga de um livro na Estante Virtual e me emocionar lendo o volume, enquanto aprecio as ilustras, mas meu irmão caçula não está mais entre nós pra emitir suas opiniões, gargalhar com a história. Ele está nos meus pensamentos. E quando me deparo com algo que não era só meu, mas nosso, eu choro. Volto a ser criança, sem ele. E nada, ou qualquer nova edição, é capaz de reproduzir essa emoção.
Que a arte se propague e que os afetos se perpetuem!
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
60 contos diminutos
ODEIO MINHA MÃE
Ficou olhando as letras com os olhos semicerrados, a respiração pesada.
Se jogou na cama soltando um resmungo. Amassou o papel com violência e enfiou num canto da cama debaixo do colchão. Ficou olhando pro teto sentindo o ódio arder por dentro até explodir numa lágrima que molhou o travesseiro. Ficou ali imóvel, o corpo tenso enquanto ouvia o pai e a mãe conversando baixo e se preparando para dormir. A luz do corredor apagou. Silêncio total.
Como ela consegue?!
Fritou na cama por muito tempo. O pensamento agitado, as frases de revolta gritando lá dentro. Precisava beber água! No caminho da cozinha parou em frente à porta do quarto de casal. A mãe dormia tranquilamente ao lado do pai.
Se aproximou silenciosamente dela e ficou em pé ao seu lado observando seu sono.
Como ela consegue?!
terça-feira, 22 de setembro de 2020
A olimpíada dos bichos
"Uma fila gigantesca de bichos cortava a floresta.
A bicharada estava em polvorosa.Foi quando a capivara, que tinha ido passar alguns dias fora, se aproximou curiosa:
- O que está havendo aqui? - perguntou para a anta.- A senhora não está sabendo? A onça resolveu promover a olimpíada dos bichos e quer premiar os que participarem. O que corre mais rápido, o mais forte e o melhor nadador.
A capivara, que não tinha grandes amizades com a onça, resmungou:
- Que bobagem! Essa aí vive querendo aparecer, se achando a mais sabida aqui da floresta.
- Bobagem nada... A senhora por um acaso sabe qual será o prêmio? - retrucou a anta."
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
As patas da vaca
1 pata tem 2 pés.
Se 1 vaca tem 4 patas
E 1 pata tem 2 pés,
1 vaca com 4 patas
caminha com 8 pés.
Quando a vaca dá o leite
as patas viram leiteiras."
Ontem a aula virtual do Gui terminou com um desafio. Todas as crianças teriam que pesquisar, com a ajuda dos pais, e escolher uma charada para apresentar na aula de hoje.
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
De carta em carta
(...)
- Para menino da sua idade eu não cobro nada. Mas tem uma coisa: você tem que ir à escola um dia e vir me contar como é, porque eu tenho muita vontade de saber... Esse vai ser o seu pagamento.
(...)
- Então escreva aí: VOCÊ ESTÁ TÃO CHATO...
(...)
- Só isso?
- Não, tem mais. Agora escreva: VÁ PARA O INFERNO!
(...)
O homem fez o que o menino estava mandando e entregou o bilhete a ele, achando que era para algum amiguinho. (...)“
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
Leituras Peraltas: O folclore sob investigação
Hoje tem vídeo novo lá no canal Leituras Peraltas, pessoal! O assunto da vez é folclore brasileiro e o livro apresentado é da dupla Alex Gomes e Cris Alhadeff. Se ainda não se inscreveram no canal, inscrevam-se, curtam, comentem, compartilhem. Bora trocar ideias sobre Literatura Infantil e Juvenil?
domingo, 16 de agosto de 2020
Calma, Vítor Hugo!
"O que será a pior coisa numa sala de espera? A própria espera ou o que vem depois? Enquanto o tempo passa, passa também tanta coisa pela nossa cabeça... Ih, rapaz, o cara lá no consultório parece que desmaiou, nem se mexe mais: sou muito novo pra ver cenas chocantes! Vai ver o doutor Pereira tá tirando todos os dentes da pobre criatura. Ai, meu Deus, será que em vez dos dentes ele tirou o cérebro do cara? Será que Pereira é o codinome de um doutor sinistro, tipo doutor Frankenstein? Será que esse consultório de dentista não passa de uma fachada pras experiências monstruosas de um cientista louco? Será que eu não devia dar no pé agora mesmo?!?"
Ontem Guigui disse tchau pra mais um dente de leite e aumentou a janelinha. Então, para a hora da leitura, "Calma, Vítor Hugo!" (Ed. Mundo Mirim), da Flavia Savary, ilustrado pelo Rubens Filho, caiu como uma luva.
O texto mistura as fantasias do menino, que se amarra em filmes de terror, com seus medos, sobretudo o de dentista. De quebra, ainda mostra que pode ser bem bacana brincar com as palavras através de um jogo que a princípio parece antiquado para o protagonista: palavras cruzadas.
Meu pequeno, que também curte um terror, mas nunca teve medo de dentista e tem sido extremamente corajoso para arrancar os dentes moles, achou graça nas viagens do Vítor Hugo. "Mas como ele ainda não sabia que dentista é legal, mamãe?" Foi dormir tão orgulhoso que até se esqueceu da visita da fada do dente. Mas deixa estar. De hoje não passa. O dentinho já está embaixo do travesseiro.
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
Quindim de agosto
Eba! O Clube Quindim mandou dois livros bem legais para o Gui no mês de agosto. Confesso que estava um tanto frustrada com essa assinatura, porque desde o início, em junho, não tínhamos recebido nenhum livro brasileiro num total de quatro. Eu esperava pelo menos a proporção de três brasileiros pra um estrangeiro. Quase cancelei, mas depois da última entrega, resolvi ficar mais um pouco.
O Quindim de agosto foi uma gostosura. Teve "Greg: o menino que morava em um trem" (Editora Tigrito), da Ana Luiza Badaró, ilustrado pelo Odilon Moraes, e "O livro maluco das poções mágicas" (Editora do Brasil), do Leo Cunha, ilustrado pela Mariana Massarani.
"Greg morava em um trem com seu pai e sua mãe. O trem subia colinas e descia morros em dias de chuva e de sol. Um dia, os pais de Greg decidiram não morar mais no mesmo vagão. O trem entrou em um túnel..."
Lemos os dois livros ontem à noite. O do Greg é uma viagem em muitos sentidos. Fala de separações, frustrações e reviravoltas, tudo com texto e imagem em total sintonia. Gerou longa conversa com meu pequeno. Parabéns à Editora Tigrito pela belíssima edição. Acompanhamos os altos e baixos da vida do menino com o coração apertado e sentimos com ele o alívio e a alegria dos reencontros.
Depois do final feliz do Greg, mergulhamos de cabeça no livro encontrado num baú por uma princesa, que não era bem princesa, e descobrimos várias poções mágicas. Os trocadilhos do Leo Cunha combinados com as ilustras da Mariana Massarani são diversão garantida. Mas, sem dúvida, a melhor de todas as poções foi o "suco de pirlimpimPUM", que "deixa os puns cheirosos e musicais"!!! Dá pra imaginar o quanto isso rendeu, né?
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Sete ossos e uma maldição
- Bobagem, menina. Rico é tudo esquisito mesmo.
Mas, no fundo, achou que a filha tinha razão. Não sabia dizer direito o que era - se a expressão meio vazia do casal, o jeito que eles tinham de olhar, meio fixo, sempre para frente, a maneira de se moverem, lenta demais."
Conheci "Sete ossos e uma maldição", da Rosa Amanda Strausz, com ilustrações e projeto gráfico do Ricardo Cunha Lima, publicado pela Global, numa conversa sobre literatura infantil na Fundação Casa de Rui Barbosa. Rosa Amanda leu o início do primeiro conto do livro, "Crianças à venda. Tratar aqui.", e criou uma bela polêmica falando sobre a história. Uma senhora que assistia ao bate-papo se levantou indignada e disse que era um absurdo a autora brincar com um assunto sério como aquele.
Com um invejável jogo de cintura e todo respeito à dor daquela senhora, Rosa Amanda respondeu que literatura é isso. Mexe com nossos afetos. Ela estava satisfeita por ter conseguido despertar tanta emoção com a leitura de pequena parte do conto. Os assuntos sérios devem ser abordados pra que possamos lidar melhor com eles na vida. Foi ótima a fala dela.
De terror eu nunca fui fã. Parece que esse livro nasceu de uma vontade súbita que tomou a autora durante um período de sua vida, pelo que ela disse. Talvez eu não tivesse nem cogitado ler "Sete ossos e uma maldição" se não assistisse a essa mesa. Mas saí de lá querendo saber o resto do conto começado e, assim que pus as mãos num exemplar, li de cabo a rabo, quase sem piscar. Engoli meu medo do terror (sobretudo envolvendo crianças) e a-do-rei o livro.
O primeiro conto é o melhor, na minha opinião. Mas me arrepiam todos os outros também. Tem assombração, mistério, adolescentes destemidos, objetos amaldiçoados. Histórias macabras que atraem muitos jovens e adultos. Crianças também!
Guilherme olhou a quarta capa enquanto eu relia ontem e gritou: "Tem uma caveira assustadora no seu livro, mamãe! Quero ler esse!" Entrei em apuros. "Sete ossos e uma maldição" é juvenil. Eu não indicaria para uma criança de 6 anos. Mas com uma boa mediação, a gente adapta. Li pra ele o conto "Os três cachorros do senhor Heitor". Ele AMOU e pediu bis.
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Leituras Peraltas: Quero ser super-herói
domingo, 2 de agosto de 2020
Será o Benedito!
— Morrer não quero, não sinhô… Eu fico.
E seus olhos enevoados numa profunda melancolia se estenderam pelo plano aberto dos pastos, foram dizer um adeus à cidade invisível, lá longe(...)".
A edição de "Será o Benedito!", de Mário de Andrade, da Cosac Naify, infelizmente, é coisa rara hoje em dia. Faz parte da coleção "Dedinho de prosa". Um dos mais belos livros ilustrados que eu tenho e o que mais me emociona. Como se já não bastasse a história cativante e tristérrima do Mário de Andrade, as aquarelas super manchadas do Odilon Moraes são daquelas que a gente quer degustar, ficar olhando, babando (como é que esse cara consegue fazer isso?) Uma obra de arte. Redonda.
Li para o Guilherme uma noite dessas. Ele estranhou um pouco as manchas das ilustras no começo, mas logo embarcou. Simpatizou com o Benedito, com o moço da cidade, achou graça na expressão "será o Benedito!" fez comentários durante toda a leitura. No fim, a fatalidade o calou. Observamos a última ilustração em silêncio e eu disse: "triste, né?" Ele respondeu com a voz trêmula: "sim, dá até vontade de chorar." Então eu lhe mostrei meus olhos cheios d'água.
Benedito desistiu do sonho de conhecer a cidade por temer a tuberculose. Mas será que o campo era mesmo mais seguro? O desfecho dessa história remói por dentro. Que ironia. Viver é assim.
sexta-feira, 24 de julho de 2020
Sofia e o dente de leite
"O avô de Sofia disse
que se não fosse arrancado
ficaria em cima do novo,
assim, meio encavalado.
Sem dente, o Vô se lembrou
da forma que achava certa:
amarrar na maçaneta,
e quando a porta fosse aberta...
o dente pulava longe!
Sofia tremeu todinha
e preferiu ela mesma
tentar laçar com uma linha."
Quando me apresentaram esse livro, vi que seria perfeito pra ler com o Gui, que começou a perder os dentinhos de leite há pouco tempo. Neste momento, um incisivo central da arcada superior está em contagem regressiva, "malemodente".
Então peguei emprestado "Sofia e o dente de leite", do Henrique Rodrigues, com ilustrações da Bruna Assis Brasil, editora Memória Visual, e lemos ontem. Uma pena que esteja esgotado. Vou ver se encontro na Estante Virtual.
O livro, todo em verso, fala das dúvidas de Sofia sobre o dente que está mole e doído. Ela sofre imaginando como e quando ele vai cair, a mãe e o melhor amigo tentam amenizar sua angústia, lembrando da fada do dente e das vantagens de ter um sorriso com janelinha.
Nas ilustrações, as colagens com fotografias de dentes adultos (e a falta deles) são bizarras e, ao mesmo tempo, engraçadíssimas.
Guilherme gargalhou ao se deparar com o buraco no sorrisão do amigo da Sofia. Tenho a impressão de que ele está torcendo pra ter um igual.
segunda-feira, 20 de julho de 2020
Lino
De quando em quando preciso rearranjar nossa coleção de livros infantis pra enxergar as preciosidades que temos. "Lino" é um livro de poucas palavras, com imagens belíssimas, cheias de personalidade, cores, texturas. Verdadeiros presentes para os olhos no traço inconfundível do André Neves.
Os personagens Lino e Lua são brinquedos muito amigos que se separam por razão inevitável. Lino se entristece até conhecer Estrela, a menina alegre que traz de volta o brilho da Lua pra sua vida.
Por falar em amizade e saudade, feliz dia do amigo!
quinta-feira, 16 de julho de 2020
Capitão-Cueca e O Homem-Cão
Não vou citar trechos das histórias desta vez porque não vale a pena. É um besteirol danado (e que criança não gosta disso?). Mas outro dia mostrei ao Gui que ia ter uma live com uma contadora de histórias na qual seria lido o novo livro do Homem-Cão. O número 6. Ele ficou animadíssimo. "Já saiu o novo?! Oba!" Então me perguntou se eu não podia ver se já tinha na livraria, pois ele preferia que lêssemos o livro juntos.
Já comprei o livro, claro, e estamos aguardando ansiosos sua chegada.
terça-feira, 14 de julho de 2020
Adivinhe quem vem para assustar
Viu uma casa e, disfarçadamente, meteu a cara na janela. Lá dentro havia um garoto de olho vidrado numa caixa de onde saía uma luz colorida.
'É agora que faço ele pular de susto!', pensou a Cuca.
E deu um berro na janela.
O menino nem se virou. Levou o dedo indicador à boca:
- Ssshhh! - Fez, pedindo silêncio.
A Cuca não entendeu.
- Mas você não se assustou?
- Quer ficar quietinha, que eu tô assistindo televisão?"
"Adivinhe quem vem para assustar", do Maurício Veneza, ilustrado pelo Angelo Abu, editora Formato, fala sobre a frustração das lendas, que se apavoram e se arrepiam com as histórias do bicho-gente, "um ser poderoso que ameaça o mundo em que vive".
Livro divertido, mas que também dá uma boa chacoalhada no leitor e o põe pra pensar. Será que o saci, o curupira, a cuca, o boitatá estão com os dias contados?
As lendas do folclore brasileiro são um prato cheio pra mexer com o imaginário das crianças. E dos adultos também. Aqui em casa elas têm um fã e são muito respeitadas, sim, senhor! Cuidado com a cuca, que a cuca te pega!
segunda-feira, 6 de julho de 2020
Leituras Peraltas: Rabiscos pra começar
Hoje a dica de leitura é em forma de vídeo!
Serão dez vídeos, publicados mensalmente, com a apresentação de um livro e uma arte ligada à história. Bateu curiosidade? Assista ao vídeo. Foi preparado com muito cuidado e carinho. Se achar legal, curta, compartilhe e se inscreva no canal. Vou amar dividir minhas experiências de Leituras Peraltas com vocês!
sexta-feira, 3 de julho de 2020
Só um minutinho
- Só um minutinho! Meu corpo não quer.
- Arrumou seu quarto, Porquinho? Mas que demora!
- Só um minutinho! Falta pouco agora."
Digo ao Gui que esse é o livro sobre a vida dele. "Só um minutinho", escrito e ilustrado pelo Ivan Zigg, publicado pela Nova Fronteira, mostra um diálogo bem comum entre pais e filhos. São repetições e mais repetições até o cumprimento das tarefas. O Porquinho, protagonista da história, é o mestre da embromação e meu filhote se diverte com a identificação que rola desde o início da leitura.
O livro é bem curtinho, rimado e todo em letra bastão. Perfeito para os pequenos que estão começando a ler sozinhos. As ilustrações do Ivan Zigg, bem coloridas, maluquetes e com detalhes que contam além do que está escrito, enriquecem a dinâmica da leitura.
Há apenas um porém, na opinião do Guilherme, sobre "Só um minutinho". Ele diz que acaba muito rápido e me faz prometer ler mais uma história. Olha aí o mestre da enrolação tentando alongar a conversa pra não dormir... Daí vão mais muitos minutinhos, mas tudo bem. Ganhamos os dois. Quando o assunto é leitura, a pressa não tem vez.
quarta-feira, 1 de julho de 2020
Drufs
Um dos meus pais se chama Nic Suflê. Ele é estrangeiro. Ele nasceu em Fritemburgo e tem sotaque. Diz JOGOLÁD em vez de chocolate, GAFÉ em vez de café. Quando eu imito a fala dele, todo mundo cai na risada.
Meu pai tem um restaurante de comida fritemburguesa. Ele é um chefe de cozinha famoso, mas quem faz comida aqui em casa é o meu outro pai, o Croassan.
Quando eu crescer, quero ser chefe de cozinha. Já sei fritar ovo e enrolar brigadeiro. Outro dia, fiz um sorvete de fristache. Meu pai Nic experimentou, cuspiu e gritou: -EGA! O GUÊ VOZÊ BÔZ AGUÍ? ESDÁ COM GOSDO DE ZABONETE!"
Ontem a barriga doeu de tanto rir na nossa hora da leitura. Gui e eu tivemos vários ataques de gargalhada com os "Drufs", da Eva Furnari, publicado pela Editora Moderna. Essa última fala do Nic Suflê quase não saiu por causa das risadas. Adoramos os Drufs, "seres parecidos com a gente, só que menores".
A professora Rubi pede a seus alunos que façam fotos de suas famílias e escrevam sobre elas algumas "coisinhas", valendo inventar! A tarefa é realizada por 16 alunos cujos nomes já são uma piada.
As famílias descritas são totalmente diferentes umas das outras. Tem aluno com dois pais, com duas mães, famílias enormes, que incluem tias, tios, avós, a prima do interior, bichos de estimação, o namorado da mãe, a nova esposa do pai e os filhos dos novos relacionamentos... Tudo com ilustrações hilárias à base das fotografias de Natalia Alavarce, com os dedos pintados e ornados pela maravilhosa Eva Furnari.
O projeto gráfico, da Claudia Furnari, é outro ponto fortíssimo do livro. A disposição das fotos, desenhos, bilhetes, as letras dos alunos. Um trabalho redondo. Quem curte literatura infantil e não conhece Drufs, precisa conhecer.
Fiquei impressionada com nosso acesso de risos lendo esse livro. Com o meu, especificamente. Gui tem 6 anos. Passamos um bom tempo só rindo do nome "Grebs"! É... espero que essa bobeira gostosa nunca me largue.
domingo, 28 de junho de 2020
Siga a seta!
"Um dia, um rapaz que vivia na Cidade das Setas começou a ter um pensamento esquisito. Um pensamento que não vinha indicado em nenhuma seta. O pensamento do rapaz segredava-lhe assim lá por dentro: o que haverá no espaço entre as setas?
Então, uma tarde, quando voltava para casa, o rapaz aventurou-se."
Ontem foi dia de Clube Quindim. Gui chegou no quarto dele de manhã e se deparou com seu nome num embrulho sobre a cama. Que alegria!
Esse foi nosso primeiro mês de assinatura. Demorou pra chegar por conta da situação atual, mas a surpresa valeu a pena. Meu filhote adorou "receber uma encomenda".
Os livros vêm acompanhados de um mapa de leitura (uma espécie de orientação aos adultos mediadores da leitura) e um diário do leitor ("esse foi o que eu mais amei, mamãe!"). Nesse último a criança coloca seu nome, faz um autorretrato e vai registrando suas impressões das leituras a cada mês. Uma graça.
Lemos os dois livros ontem à noite, mas vou falar aqui daquele que nós mais gostamos. "Siga a seta!", de Isabel Minhós Martins, ilustrado por Andrés Sandoval, publicado pela Companhia das Letrinhas.
Assim que pegamos pra ler, o Gui estranhou. "Nossa, quanta seta! Que confusão! Parece um labirinto." A ideia do livro parece ser mostrar ao leitor que, de vez em quando, vale a pena questionar nossas rotinas, os rumos que tomamos de forma automática, a fim de viver novas experiências, descobrir.
Mas o comentário do meu pequeno me fez refletir noutra direção. Aquele monte de informação que compõe as imagens labirínticas do livro, com verbos no imperativo, a mim parecem as incontáveis propagandas às quais somos expostos constantemente, em todos os lugares.
Lembram-me também a confusão de pensamentos numa cabeça ansiosa (acho que se minhas ideias fossem fotografadas, o resultado seria bem próximo das ilustrações desse livro). Viajei? Sei não. Acho que só peguei o caminho entre as setas.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
No meio do caminho tem uma porta
Sempre fui sensível, de chorar por qualquer coisa. Uma cena, um quadro, um cheiro, uma música. Mas depois que o Gui nasceu, eu virei uma maria-chorona quando o assunto é maternidade. As alegrias e os apertos.
"No dia seguinte, encontrei a porta fechada e a famosa frase: 'Tô ocupado, mãe!' Mas não liguei, não. Dei meu boa-noite e fui dormir. Por enquanto, no meio do caminho tem uma porta. Mas as portas abrem e fecham. Não é pra isso que elas servem? Pra abrir e fechar?"
quinta-feira, 25 de junho de 2020
Conversê
"- João?
- Hm?
- Você tá dormindo?
- N-n-não.
- Quê que é conversê?
(...)
-João?
-Hm.
- Quê que é 'fiada'?
- Sei lá, Zeca.
- É que a vizinha falou pra mãe que alguma coisa era conversa fiada.
- Ah, é a mesma coisa que papo furado.
- Tem nada a ver com fio, não?
- ?
- É que a vó disse que antes os telefones tinham fio.
- ?
- Eu achei que conversa fiada era conversa antiga pelo telefone.
- Chega de conversê, vamos dormir."
Deve ser por isso que ele se identificou tanto com o Zeca, quando lemos "Conversê", do Luiz Raul Machado, ilustrado pela Marilda Castanha, publicado pela Galerinha, do Grupo Record. Quando me deparei com esse livro lá no salão da FNLIJ, achei o máximo e o trouxe pra nossa coleção. Não só pelo texto cheio de humor e brincadeiras com o Português do Luiz Raul, mas também pelo belo trabalho de projeto gráfico + ilustrações da Marilda Castanha. No entanto, eu não esperava que ele fosse fazer o Gui rir tanto. Cada vez que o Zeca chamava o irmão mais velho: "João?" era mais um "KKKKKKKKK". O maior barato!
Ontem a hora de dormir foi assim. Cheia de conversê. O livro foi lido duas vezes seguidas. Fora o conversê de sempre que veio depois.
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Monstros do cinema
Para crianças que estão começando a ler, essa brincadeira com as sílabas é perfeita. E, no fim do livro, tem informações históricas sobre esses monstros e os filmes que protagonizam. A gente se diverte junto com as crianças. Bem que o Drácula diz, na capa, que o livro é pra toda a família.
terça-feira, 23 de junho de 2020
A fome do lobo
A história é do tipo lenga-lenga, vai se repetindo a cada novo personagem (enquanto a impaciência e a fome do lobo crescem). Em seu caminho, ele encontra vários bichos: rato, porco-espinho, jabuti, sapo, touro... Mas todos o convencem, com um bom argumento, de que não será um bom negócio devorá-los. Até que ele chega à cidade, entra pelo primeiro portão que encontra aberto e bate à porta. Que surpresa legal! Não dá pra contar mais. Vale a leitura, de preferência com um pequeno do lado.
segunda-feira, 22 de junho de 2020
O rapaz que se casou com uma sapa
Ele gaguejou, mas respondeu:
- Sim, mas do jeito que está, só a nado.
(...)
- Se você quiser, eu carrego você. Mas tem uma condição. (...) você promete que casa comigo depois?
Mangando da sapa, o rapaz prometeu na mesma hora. Casar com uma sapa, já se viu? Ele não acreditava em feitiço. Ela o atravessaria e ele iria direto para a casa da namorada. Na volta daria um jeito, que enganar uma sapa ia ser muito fácil!, ele pensou."
O título do livro já adianta o final, mas a graça está justamente no desespero do moço ao se dar conta, pouco a pouco, de que traçou seu destino no momento em que tentou se aproveitar da boa vontade da sapa apaixonada.
domingo, 21 de junho de 2020
Três desejos para o Sr. Pug
Na história, uma fadinha espevitada quer desamarrar a cara do Sr. Pug realizando-lhe três desejos. Sugere várias coisas alegres e coloridas (algumas esdrúxulas) para animá-lo, mas, percebemos que, assim como Maroca, ele não quer muito da vida além de comida e sossego.
sábado, 20 de junho de 2020
O monstro monstruoso da caverna cavernosa
"O Monstro torceu os seus dois narizes e cruzou os seus quatro braços.
- Ora bolas, devorar princesas! Elas têm um gosto horrível! Por que não me deixam tomar sorvetes em paz? Ora bolas, bolas, bolas...
Monstro Monstruoso não queria ser expulso da Associação. Toda a sua família Monstruosa era sócia! Mamãe Monstra não ia gostar nem um pouco se viesse a saber... E ela ficaria sabendo! Os monstros, além de serem... bem... monstruosos e de gostarem muito de assustar as pessoas, adoram uma fofoca."
Precisamos mesmo ceder à pressão de ser o que os outros esperam de nós? E se nossa essência for outra? Será que não vale a pena correr o risco de decepcioná-los pra fazer o que nos dá prazer? O Monstro Monstruoso deu seu jeito.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
Outra vez os três porquinhos
"- Que foi que lhe aconteceu? - indagou Linguicinha.
- Pois eu perdi o sono e não há maneira de achá-lo.
- Que jeito tem o seu sono? - perguntou Salsicha.
Vaca Fria respondeu:
- Meu sono é um bicho preto e peludo, que ronca.
- Então nós vamos ajudar a senhora a procurar o seu sono! - declarou Sabugo.
Saíram os três e mais a Vaca Fria em busca do sono perdido. Procuraram nos quintais, nas praças, dentro das latas de lixo, nas sarjetas... Nada."
Na leitura de ontem à noite, eu me identifiquei com a Vaca Fria. Lemos "Outra vez os três porquinhos", do Érico Veríssimo, com ilustrações da Eva Furnari, publicado pela Companhia das Letrinhas. Do pacote de livros novos, foi o escolhido do Gui, mesmo ciente de que se tratava de uma continuação. O início da história está no livro "Os três porquinhos pobres", que também veio no pacote, mas não tem na capa os porquinhos vestidos de mosqueteiros, com uma espada apontada pro céu e um quarto elemento misterioso liderando o grupo...
"Outra vez os três porquinhos" não é dos melhores infantis do Érico Veríssimo na minha opinião, mas tem a participação especial do Elefante Basílio (que eu adoro!) e umas passagens bem divertidas, como a da Vaca Fria.
A propósito, alguém viu meu sono por aí?
quinta-feira, 18 de junho de 2020
Quanto tempo!
É... faz tempo. Um ano, precisamente. No segundo semestre do ano passado, meus dias foram de descoberta. Não produzi muito na área literária. Pesquisei pra caramba e participei, sim, de eventos, mas como ouvinte. Uma pausa que me fez bem, para repensar meu rumo e talvez me reinventar.
Este ano de 2020 começou devagar quase parando para mim, assim como a segunda parte do ano passado, em matéria de produção literária. Com o início da quarentena, então, parou de vez. De qualquer forma, apesar de não estar escrevendo nem desenhando muito coisas minhas, continuo na velha rotina de ler para meu filhote todas as noites. São essas leituras que eu tenho indicado nas redes sociais nos últimos dias, sempre comentando minha impressão sobre cada livro. Além disso, tem minhas artes pós-leitura, que também pretendo compartilhar de alguma forma. Veremos.
Devagar e sempre.
Até breve.